quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Nem Sempre Sou Igual no que Digo e Escrevo

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol.
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite.
E as flores são cor de sombras.

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma...

Fernando Pessoa

2 comentários:

Profe Jeanine disse...

Que liiiiindoooo esse poema...
É somos realmente assim, depende da perspectiva pela qual nos observam.
Beijo e saudade

Blog disse...

Fernando...sempre Fernando!
Ele tem o poder de entrar em nossa alma, parece até que foi feito para mim este poema!

Amei!